O Show Rural, evento organizado, coordenado, produzido e conduzido pela Coopavel, novamente foi impecável em todos os sentidos. Bateu recordes de público (ainda mais se considerado o calor quase que desértico que se abateu sobre Cascavel durante o evento), atraiu dezenas de autoridades do mundo político, tanto da esfera municipal, quando das estadual e federal. Figuras de peso no mundo da política por aqui estiveram, como o senador Aécio Neves (PSDB), a senadora e ex-Ministra-Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT), o Chefe de Relações Institucionais da vice-presidência da República Rodrigo Rocha Loures (PMDB), o ex-governador Orlando Pessutti (PMDB), o governador Beto Richa (PSDB), o vice-presidente de agronegócios e micro e pequenas empresas do Banco do Brasil Osmar Dias (PDT), além de diversos deputados estaduais e federais, prefeitos e ex-prefeitos de toda a região, dos mais diversos partidos.
Também trouxe um movimento turístico gigantesco, com todos os hotéis (dos mais modestos aos mais luxuosos) lotados, com as imobiliárias garantindo uma renda extra para seus clientes com a locação de imóveis “por temporada”, restaurantes sem um lugar para sentar, além dos postos de combustíveis vendendo bem acima da média mensal, mercados, shoppings, bares e todo o tipo de opção de lazer noturno faturando, e muito. E tudo isso fruto da organização e obstinação de uma empresa privada (embora cooperativa), que não recebeu subsídios do governo do município e não utilizou verbas públicas para garantir toda essa captação de turistas para a capital do Oeste. Está mais do que provado que Cascavel é uma cidade turisticamente viável, claro que desde que bem administrada para atrair a “clientela”.
Faço uma simples comparação: para trazer 10 provas anuais ao autódromo, a administração municipal investiu cerca de R$ 20 milhões na estrutura do Autódromo Zilmar Beux. Garantiu aos organizadores (donos das categorias) da Fórmula Truck, da Stock Car, da Moto 1000 GP, dentre outras, a possibilidade de enriquecimento fácil e com pouco esforço, pois a realização de uma prova em Cascavel lhes custa incomparavelmente menos do que em qualquer outro autódromo do Brasil. Isso sem contar da arrecadação. Se movimenta o turismo? Sim, movimenta, porém, incomparavelmente menos que o Show Rural. E, por sua vez, o Show Rural não custou nada ao município, à administração pública, e movimentou pelo menos dez vezes mais em faturamento para Cascavel, do que a melhor das provas realizadas no ano de 2013, seja a Stock Car ou a Fórmula Truck. E, de contrapartida, garantiu um volume de negociações que ultrapassou os R$ 2 bilhões (isso mesmo, dois bilhões, não foi um erro de digitação, não).
É isso que Cascavel precisa. De eventos de grande porte, organizados de forma séria e competente, sem que o dinheiro público escoe pelo ralo. A única parte triste nisso tudo é que o Show Rural se transformou em uma grande vitrine nacional, na qual empresas de todo o Brasil expõem seus produtos que, após vendidos, na imensa maioria são faturados por fábricas localizadas em outros estados, onde verdadeiramente fica o grosso dos impostos como IPI e ICMS. Se Cascavel tivesse pelo menos uma fábrica de implementos, de colheitadeiras, de tratores, de pulverizadores, de medicamentos ou pneus para máquinas agrícolas que fosse. Mas, no Paraná pouco se fabrica e o governador está muito mais preocupado em como vai pagar os mais de R$ 1 bilhão que o governo do estado deve para fornecedores, enquanto, por sua vez, o prefeito cassado de Cascavel está preocupado em se manter no poder por mais alguns dias para agradar mais alguns da turminha. Não sobra tempo para nenhum dos dois para que levem em frente um sério programa de atração de investimentos para que se instale no Paraná, preferencialmente aqui em Cascavel, pelo menos uma pequena fábrica de parafusos para máquinas agrícolas. Tá na hora de deixarmos de ser apenas vitrine.
